Porque o Hyundai Elantra (e quase todos os importados) custam tanto?

#Carros


Muito se questiona sobre os custos acima da média na aquisição de um importado da Hyundai, ou outras marcas como SsangYong, Kia e Mitsubishi, quando lá fora, a exemplo dos Estados Unidos, o modelo equivalente custa entre 35% e 45% menos que o valor local, nas versões equivalentes.

Realizando análises profundas das matrizes de nosso mercado, e pesquisando a fundo foi possível chegar a uma conclusão esclarecedora sobre o grande vilão: a alta carga tributária (como muitos sabem).


Abaixo segue um exemplo, a respeito do Hyundai Elantra que ilustra nossa matéria, pra você entender melhor:

1º) A CAOA Importadora, por comprar em quantidade, paga US$ 15.000 por unidade do veículo Elantra 2.0, para a Hyundai-Kia da Coréia do Sul, local de onde vem o veículo, mais US$ 1.000 de custos de transporte, uma vez que o translado é feito de navio. Poderia custar mais, mas como é realizado o transporte em boa quantidade, os custos são amortizados. Nessa etapa, somando-se os custos de câmbio, uma unidade do modelo, apenas para chegar ao Brasil, sai por aproximadamente R$ 40.000 ao importador (variáveis de acordo com a alíquota do dólar).

2º) Como todo produto importado, há o acréscimo de 35% de imposto sobre o custo de aquisição pela importadora, ou seja, embutem-se aos custos do veículo para a importadora, mais R$ 14.000, elevando o custo de uma unidade do Elantra para R$ 54.000.

3º) Terminou por aí? Não, pois agora o carro tem que sair do porto e ir até o centro de armazenagem e distribuição da importadora (no caso da CAOA, o Elantra vai para Anápolis/GO). Como o translado é feito por via terrestre, através de caminhões-cegonha, há um custo quase equivalente ao do translado oceânico, somando ao custo do veículo mais R$ 2.000 (incluindo seguro), além de cerca de R$ 2.000 em documentações e despachantes aduaneiros.  Até aqui, para a importadora, o Hyundai Elantra já tem um custo de R$ 58.000.

4º) Como o mercado brasileiro é muito competitivo, dominado pelas montadoras locais, para atrair as vendas para qualquer carro importado, demanda-se grandes investimentos em publicidade. Naturalmente estes custos são embutidos no custo do veículo. No caso da CAOA, como segunda maior anunciante da televisão brasileira, estima-se que ela investe R$ 2.000 por veículo comercializado, apenas em divulgação televisiva. Com isto, o Hyundai Elantra está custando por hora R$ 60.000 para a importadora.

5º) Como toda empresa automotiva, formal e bem estruturada, existem despesas fixas para manutenção do negócio, tais como custo de capital humano, energia, serviços de comunicação, marketing, estruturas de pós-venda, manutenção de estoques de peças, acrescenta-se ao custo do veículo, entre 10% a 15% sobre o valor até aqui. Calculando por baixo, vamos dizer que acrescenta apenas 10%, logo, o carro só por existir no Brasil, sem ter sido vendido pra ninguém, custa R$ 66.000 para a importadora.

6º) A importadora, por sua vez, é uma empresa e obviamente visa o lucro, seja para um faturamento positivo, seja para ter caixa em caso de mudanças no mercado. Em média, toda montadora para um Sedan Médio, define R$ 5.000 como lucro. Assim, no caso do Hyundai Elantra, ele custa ao concessionário, a "bagatela" de R$ 71.000.

7º) O concessionário, por sua vez, tem também suas despesas fixas (acresça cerca de 5% do valor que ele paga pelo carro, no seu preço), somando-se a comissão do vendedor, margem de descontos (para não repassar ao cliente o custo do frete da importadora até o ponto de venda), e o lucro esperado, faz com que este carro chegue ao valor de R$ 83.990, chegando-se ao preço de venda tabelado do veículo.




Assim, conseguimos mostrar o porque dos veículos importados custarem valores tão discrepantes ante os veículos comercializados em outros países. Deu pra perceber que o grande vilão é a alta carga tributária, pois sem ela, os custos poderiam ser menores, e as importadoras poderiam trabalhar com margens de lucro reduzidas, devido a ter mais segurança no negócio.


O que é estranho, ou deveria ser estranho aos olhos do consumidor:

Sabemos que todo veículo produzido localmente ou no Mercosul possui tributação (IPI), porém diferenciada, não chegando a 15%, bem como não possuem custos adicionais de translado, haja vista que cumprem apenas uma etapa de transporte (através de caminhão-cegonheira), e também não possuem intermediários de venda, haja vista que são as próprias montadoras que mantem a operação das marcas por aqui, logo custam muito menos que o Elantra, certo? Salvo as exceções Renault Fluence e Nissan Sentra, não é isto que ocorre.

O Elantra 2.0 Automático é comercializado em sua versão top, seja na versão de R$ 83.990 ou na versão com teto solar por R$ 86.990, porém há Sedans Médios nacionais ou do Mercosul que em suas versões equivalentes custam tanto ou mais que o Hyundai Elantra, ou seja, há uma alta margem de lucro por parte das respectivas montadoras. Veja alguns exemplos:


Honda Civic EXR 2.0 Automático: a partir de R$ 83.990,00.

Toyota Corolla Altis 2.0 Automático: a partir de R$ 86.790,00.

Ford Focus Titanium Plus 2.0 Automatizado (Powershift): a partir de R$ 89.990,00.


E você ainda acha o Hyundai Elantra, caro? Sim, é, mas está dentro da média de preços da categoria, mesmo tendo custos de comercialização muito superiores aos modelos locais, que a exceção do Ford Focus, não apresentam nada além do que o Hyundai Elantra oferece, normalmente até menos.


Em tempo: quando acabar a cota de importação Inovar Auto, a CAOA terá 65% de imposto (soma-se o Super IPI de 30%, além dos 35% de importação), e a CAOA tem que aguentar estes gastos com seu próprio caixa ou vender o Elantra por R$ 93.000 como chegou a fazer assim que o super IPI foi instaurado, tudo para defender as empresas que produzem localmente.


Matéria: Dimithri Vargas
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